Lincoln Strauss

Um diletante, artista, espírito livre, amante da boêmia e de viagens, essas são as características que o definem.

Após a faculdade de artes cênicas passou dois anos viajando pelo mundo, conheceu diversas culturas e aprendeu novas línguas. Entendia que isso fazia parte da formação da profissão que abraçara, a de ator.

Já cansado de rodar pelo mundo voltou à sua cidade natal, Londres, a fim de então iniciar a sua carreira de aspirante a ator. Encenou pequenas peças em teatros afastados do centro, de terceira categoria, sendo mal recebido pela crítica.

As críticas negativas não o abalaram, embora tornaram a busca por novos papeis mais difícil. Persistiu em seu sonho, possuía força de vontade, queria ser uma grande estrela do teatro . Anos se passaram e a situação não melhorava. Descontava a sua frustração em festas, bebidas e mulheres. A madrugada após a apresentação era sempre muito agitada.

Já havia percebido que em suas apresentações, eventualmente, um pequeno grupo de distintos senhores sentava-se à platéia. Tais pessoas vestiam trajes não condizentes com as espeluncas nas quais as peças eram apresentadas, isso lhe chamava a atenção e causava-lhe estranheza.

Em determinada noite tais senhores pediram acesso aos camarins, a fim de conhecê-lo. O assunto foi rápido e direto, sem maiores rodeios, disseram Lincoln possuía determinação e força de vontade, além de algo em sua aura que denotava aproximação com o mundo místico. Tais características faziam com que ele tivesse sido observado, avaliado e escolhido para o recrutamento Tremere, independentemente de sua vontade. Nestes tempos, mais do que nunca, a Capela Tremere de Londres precisava de novos membros para reforçar as suas fileiras, por mais que eles não se encaixassem no esteriótipo esperado de um membro desse clã.

O abraço foi célere e traumático. Enquanto o primeiro cainita descrevia os motivos pelos quais Lincoln havia sido selecionado para o abraço, o que não fazia muito sentido para o ouvinte, que desconhecia tais termos, o segundo cainita, que se encontrava atrás de Lincoln, usando de força sobrenatural quebrou-lhe o pescoço.

Lincoln acordou em uma sala estranha, diferente da que estava. Suas roupas estavam sujas de sangue, que pingava de sua boca e queixo. Ao seu lado estava um daqueles senhores, que lhe explicou sobre sua nova condição.

Lincoln ama e odeia a sua nova condição de cainita. Por um lado ela lhe trouxe novas oportunidades, um mundo inteiro desconhecido a ser explorado. Uma nova cultura, uma nova forma de ver a vida, de encarar os problemas cotidianos, de enxergar as pessoas em sua volta. Por outro lado a vida pós-morte lhe impede de curtir os prazeres do dia, de atuar, torna excessivamente difícil qualquer tipo de viagem para lazer e o obriga a ter de enganar outras pessoas para delas se alimentar.

Lincoln está preso aos deveres para com o clã que o abraçou. Tais deveres envolvem um rígido código de conduta e a necessidade de prestar serviços para o clã. Afinal, o abraço teve como principal objetivo o incremento da "mão-de-obra" disponível para os anciões Tremere. Assim, o seu senhor tem lhe enviado para algumas pequenas missões em benefício do clã, com regularidade.

No tempo livre, entre uma missão e outra, busca ainda se aproximar do meio artístico, caçando em bares, boates e cafés frequentados por artistas, relembrando-se de parte do que era a sua vida mortal. Após a caçada sente-se inspirado, e como está impossibilitado de atuar, exercita os seus dotes criativos redigindo roteiros de peças durante as longas madrugadas.

Extrovertido, determinado, curioso, carismático, frustrado pelas limitações de sua nova vida, mas entusiasmado com um mundo novo que se abriu para ele.

Embora ainda não incomode com as ordens regulares que recebe do clã, um dos mais rígidos da Camarilla em termos de organização, sabe que em breve não mais tolerará todas aquelas regras e códigos de conduta. Quanto tempo a sua paciência ainda durará ele não sabe, mas ela está se esgotando. Porém, por enquanto, nessa fase em que tudo é novo e excitante, tem feito o que lhe mandam, sem contestar, como um cordeiro.

Celular
Caneta e bloco de notas de papel
Livro de poesia (Heinrich Heine)